A Baixa taxa de mulheres em posições de poder no Brasil

A relação de mulheres com o poder é muito antiga, mas infelizmente não tão comum quanto deveria. A governante mais poderosa  da história foi a Rainha Cleópatra no Antigo Egito, que governou por 21 anos. Outros exemplos notáveis são Angela Merkel, que liderou a Alemanha de 2005 a 2021, e a Rainha Elizabeth que, desde 1952 é fundamental para a estabilidade do Reino Unido. No Brasil, a relação de mulheres com o poder é mais rara e complicada. Tivemos apenas uma liderança feminina ocupando a posição de presidente em toda a história, Dilma Rousseff, de 2011 a 2016.

O exemplo de Dilma Rousseff é um dos poucos, uma vez que existe uma baixa participação política das mulheres no Brasil, ocupando apenas 14,8% dos cargos no Congresso Nacional. É uma participação tão baixa que nos coloca em 146º no ranking mundial. Apenas a sub-região das ilhas do Pacífico tem uma participação tão baixa. O Oriente Médio está em uma posição mais bem colocada em relação ao Brasil neste ranking, corroborando com o fato de que a condição das mulheres não é ruim apenas nesta região.

Observando dados do Brasil, as mulheres têm baixa porcentagem em posições de gerência no setor de Tecnologia da Informação, segundo um relatório do Data Hackers que coletou dados entre 2019 e 2021. Além disso, não se pode desconsiderar a disparidade salarial entre homens e mulheres nas mesmas posições, que é evidente em vários setores, e não apenas no setor de tecnologia.

Segundo pesquisa da Ipsos em 2019 (Atitudes Globais pela Igualdade de Gênero), no Brasil, 3 em cada 10 pessoas afirmaram que sentiriam incômodo em serem chefiadas por uma mulher; a questão é cultural, dizem os especialistas. A resistência a mulheres exercerem papéis de liderança no Brasil é maior entre homens, são 31% deles, enquanto 24% das mulheres pensam da mesma forma sobre serem lideradas por alguém do mesmo sexo.

De acordo com o estudo “Estatísticas de gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil” feito pelo IBGE, as mulheres possuem maior escolaridade que os homens. Elas representam 16,9% da população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo, enquanto que os homens representam 13,5%.

Além disso, segundo o mesmo estudo, em média, é possível observar que as mulheres trabalham três horas por semana a mais do que os homens, incluindo trabalhos remunerados, afazeres domésticos, e cuidados envolvendo outras pessoas. Ainda assim, elas recebem 76,5% em relação ao rendimento dos homens. A diferença mensal média dos rendimentos é de R$ 542,00, já que eles ganham em média R$ 2.306,00, e elas R$ 1.764,00.

Dessa forma, podemos concluir que a desigualdade entre gêneros não é um fenômeno novo, porém vem se alterando ao longo dos anos, principalmente com a maior qualificação e com a entrada de mais mulheres no mercado de trabalho. Diversos movimentos, principalmente dentro da área da Tecnologia, majoritariamente masculina, têm surgido com o intuito de integrar mais mulheres no mercado, oferecendo cursos, rede de apoio e oportunidade. No entanto, é importante ressaltar que diminuir desigualdades é um dever de todos, da família, do Estado e das empresas. Essa construção deve ser feita na base da formação de uma pessoa, para que ela cresça entendendo que todo ser humano, independente de raça, gênero, religião ou qualquer outra característica é digno de respeito e igualdade.

Referências:

https://www.stateofdata.com.br/_files/ugd/e99c65_97b434ed9f1b40bdb3312fccc8cb8bd7.pdf
https://www.unwomen.org/sites/default/files/Headquarters/Attachments/Sections/Library/Publications/2020/Women-in-politics-map-2020-en.pdf
https://data.ipu.org/women-ranking?month=2&year=2022
https://data.ipu.org/women-averages
https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2019/07/02/mulheres-na-lideranca-as-barreiras-que-ainda-prejudicam-a-ascensao-feminina-no-mercado-de-trabalho.ghtml
https://veja.abril.com.br/coluna/radar/brasil-ocupa-ultimo-lugar-em-ranking-sobre-igualdade-de-genero-no-trabalho/
https://www.kcl.ac.uk/giwl
https://www.telavita.com.br/blog/mulheres-no-mercado-de-trabalho/
https://www.ipsos.com/pt-br/dia-internacional-das-mulheres-pesquisa-global-advisor
https://www.ipsos.com/pt-br/de-28-paises-brasil-e-o-que-mais-acredita-que-mulheres-na-lideranca-politica-trariam-paz-ao-mundo
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf

 

Autores: Artur Faria, Luciano Domingues, Maurício Devincentis, Rodrigo Castro, Tatiane Alves

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